A agitada década de 70,
um depoimento pessoal


Aracy Amaral
FAU - USP

CULTURA DO DESMANCHE
17/06/2011

A década de 70 parece hoje ser alvo da atenção de muitos. Mas porque se fala tanto na ausencia de dados sobre esses anos quando tanto se publicou na epoca sobre esses eventos? Será falta de atenção às fontes, limitando-se os pesquisadores ao que se encontra na internet?

Bienal de São Paulo?
Unseen/Undone (1969-1981)


Isobel Whitelegg
University of Arts London, Chelsea

CULTURA DO DESMANCHE
17/06/2011

Como Vilém Flusser colocou, em 1969, a Bienal de São Paulo é “um fato obstinado”. Sua recorrência, desde sua a primeira edição em 1951, lhe oferece um status de perpetuidade e é, atualmente, um evento cultural que pode ser descrito em termos de “sempre”: “A Bienal de São Paulo sempre visou destacar o competente modernismo brasileiro à clientela internacional e renovar a iniciativa local com a injeção de referências internacionais”. No entanto, subjacente a esta obstinação há uma série de eventos estruturalmente descontínuos, particularmente nos anos 70 após o boicote da 10a edição de 1969 e no contexto do governo militar de Emílio Garrastazu Médici (1969-74), que intensificou os meios repressivos de controle do estado tais como a censura, as prisões arbitrárias e a tortura.


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O fetichismo da forma
e outras histórias da arte


Luiz Renato Martins
Dept. de Artes Visuais - ECA - USP

CULTURA DO DESMANCHE
06/05/2011

A palestra buscará situar e distinguir, no plano local como no internacional, dois processos históricos historicamente contrapostos: 1. o da crítica da forma e superação do objeto de arte como tendência própria à arte moderna; e 2. o da restauração do objeto de arte, positivado como finalidade pela crítica e pela historiografia formalistas.

Negatividade e positividade da experiência estética e das práticas correlatas opõem-se, assim como as forças sociais implicadas historicamente e emuladas em tais processos. Crítica da forma e negatividade têm sua origem histórica na Revolução Francesa e no processo correlato de dissolução das academias. Consolidam-se, uma e outra, como perspectivas críticas no quadro histórico do processo de superação do modo de produção artesanal, e concretizam-se, dentre outros modos no final do século 19, na prática crítica e autônoma da valorização da pincelada, como trabalho vivo, ante à subsunção da pincelada nas noções de forma e composição como valor.

Já a positivação do objeto de arte, como tópico programático da arte moderna, foi preconizada nos termos da análise da arte como valor ou currency e sob o impulso de um desenvolvimento crescente da divisão social do trabalho. Haverá relação e analogia entre tais perspectivas acerca da arte e da moeda?

Há sinais de que no Brasil do desmanche, restauração do objeto e instituição de uma moeda forte entrecruzam-se historicamente, implicando talvez alguma reciprocidade. Desmanche das estruturas e relações sociais e instituição no âmbito das artes de um sistema de autores correlato à positivação dos processos artísticos apresentam concomitâncias com a consolidação da economia fetichizada sob o signo da moeda forte.

Trotsky, el bonapartismo "sui generis"
y los regímenes latinoamericanos


Christian Castillo
Universidad de Buenos Aires /
Universidad Nacional de la Plata

A FORMAÇÃO E A ESPADA
17/06/2011

Durante su exilio en México, Trotsky planteó que en América Latina se daba un tipo especial de gobiernos bonapartistas. Señalaba que las burguesías nacionales eran fuerzas relativamente débiles que debían maniobrar entre el imperialismo y la clase obrera y que eso explicaba el predominio del bonapartismo en los distintos países latinoamericanos. Distinguía a su vez dos tipos generales: el de las dictaduras policíaco-militares al servicio de la penetración imperialista y el de aquellos gobiernos que para mejor maniobrar frente al imperialismo se ven obligados a realizar concesiones a las masas obreras y campesinas para apoyarse en ellas. Esta caracterización era fundamental para definir la táctica de los marxistas revolucionarios frente a los distintos gobiernos. Trotsky en particular desarrolla estas elaboraciones teniendo enfrente el fenómeno cardenista. Creemos que estas elaboraciones son de particular importancia teniendo en mente el estudio de los gobiernos latinoamericanos “pos neoliberales”. ¿En qué medida son comparables gobiernos como el de Chávez con los bonapartismos sui generis “de izquierda” de los que hablaba Trotsky?
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Sobre a atualidade do conceito de bonapartismo


André Singer
Dept. Ciência Política - FFLCH - USP

A FORMAÇÃO E A ESPADA
12/08/2011

Na tentativa de chegar a uma síntese que fosse capaz de dar conta do período da história do Brasil que se abre com a Revolução de 1930 e se encerra com o Golpe de 1964, Francisco Weffort afirma: “Se fosse necessário designar de algum modo a essa forma particular de estrutura política, diríamos que se trata de um Estado de Compromisso que é ao mesmo tempo um Estado de Massas, expressão prolongada da crise agrária, da dependência social dos grupos de classe média, da dependência social e econômica da burguesia industrial e da crescente pressão popular”.

Em nota apensa ao trecho acima citado, Weffort acrescenta: “Dentro da experiência histórica européia o ‘bonapartismo’ seria talvez a situação política mais próxima dessa que procuramos descrever para o Brasil”. Ainda assim, explica que decidiu evitar o uso do termo para não ter que entrar em comparações “entre países de diferente formação capitalista” (Francisco Weffort, O populismo na política brasileira, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1978, Pág. 70).

O que se buscará fazer nesta comunicação é, de maneira inicial, localizar os pontos de comparação que poderiam tornar útil para a realidade brasileira a utilização de um conceito nascido para iluminar aspectos de uma outra formação capitalista.

Bonapartismo e América Latina hoje


Simone Ishibashi
Bacharel em C. Sociais - PUC-SP;
Revista Estratégia Internacional, São Paulo

A FORMAÇÃO E A ESPADA
12/08/2011

A questão do bonapartismo e suas formas atuais na América Latina constitui um tema que suscita diversas análises, muitas delas polêmicas. O conceito de bonapartismo, reavaliado à luz das experiências dos anos 1930 por Trotsky, não apenas em relação ao surgimento do nazi-fascismo europeu, mas, sobretudo, à emergência de um tipo sui generis do qual o governo mexicano de Cardenas foi o maior expoente na América Latina, resulta extremamente importante para pensar a situação atual após o surgimento dos "governos progressistas" em nossos dias.

O começo do século XXI esteve marcado pela ascensão de governos pós-neoliberais, de distintos tipos, cuja característica comum mais acentuada provinha do fato de serem resultantes de processos de desgaste das políticas tipicamente neoliberais aplicadas ao longo da década precedente por toda América Latina. Neste marco,emergiram os Kirchner na Argentina após as jornadas revolucionarias de 2001, Evo Morales na Bolívia após a crise de 2003, e o caso mais emblemático de todos, Chávez na Venezuela, cujo governo se viu enormemente legitimado pela resistência de massas ao golpe apoiado pelos Estados Unidos.

O objetivo da apresentação é problematizar o surgimento do chavismo como corrente política latino-americana, problematizando os contornos assumidos pelo "socialismo do século XXI" e das diretrizes políticas estatais aplicadas por Chávez no interior da Venezuela, sua relação com o movimento operário organizado e as massas, retomando e dialogando com o conceito de bonapartismo sui generis de Leon Trotsky.

A ascensão da nova direita americana
e o filme de conspiração


Marcos Soares
Dept. Letras Modernas - FFLCH - USP

A FORMAÇÃO E A ESPADA
10/06/2011

O início da década de 70 viu a ascensão da Nova Direita nos Estados Unidos, num processo que sinalizou o fim do “liberalismo excessivo” que havia caracterizado as esperanças da década anterior e o avanço generalizado do “novo capitalismo”, agora sob a bandeira das teorias e práticas neo-liberais. Embora a direita triunfante tenha tentado desde então naturalizar esse processo, enfatizando o desenvolvimento “inevitável” do capitalismo, a verdade é que a ascensão dos “novos cães de guarda” foi cuidadosamente orquestrada pelas elites mundiais do capital financeiro. O filme de conspiração, um dos sub-gêneros mais populares da indústria cinematográfica americana dos anos 70, foi uma das formas simbólicas que registrou esse processo, mapeando a dialética entre a invisibilidade dos movimentos do capital globalizado (e seus agentes) e a visibilidade de seus efeitos violentos na “vida cotidiana”. A partir da análise de alguns desse filmes (The Parallax View,1974; The Conversation, 1974; All the President’s Men, 1976), esta fala discutirá como a insistência desses filmes na existência de uma “conspiração” preserva uma visão da totalidade dos processos históricos, ao mesmo tempo em que mantém a idéia de uma causa ausente, inacessível ou incompreensível desses mesmos processos.