Bonapartismo e América Latina hoje
Simone Ishibashi
Bacharel em C. Sociais - PUC-SP;
Revista Estratégia Internacional, São Paulo
A FORMAÇÃO E A ESPADA12/08/2011A questão do bonapartismo e suas formas atuais na América Latina constitui um tema que suscita diversas análises, muitas delas polêmicas. O conceito de bonapartismo, reavaliado à luz das experiências dos anos 1930 por Trotsky, não apenas em relação ao surgimento do nazi-fascismo europeu, mas, sobretudo, à emergência de um tipo sui generis do qual o governo mexicano de Cardenas foi o maior expoente na América Latina, resulta extremamente importante para pensar a situação atual após o surgimento dos "governos progressistas" em nossos dias.
O começo do século XXI esteve marcado pela ascensão de governos pós-neoliberais, de distintos tipos, cuja característica comum mais acentuada provinha do fato de serem resultantes de processos de desgaste das políticas tipicamente neoliberais aplicadas ao longo da década precedente por toda América Latina. Neste marco,emergiram os Kirchner na Argentina após as jornadas revolucionarias de 2001, Evo Morales na Bolívia após a crise de 2003, e o caso mais emblemático de todos, Chávez na Venezuela, cujo governo se viu enormemente legitimado pela resistência de massas ao golpe apoiado pelos Estados Unidos.
O objetivo da apresentação é problematizar o surgimento do chavismo como corrente política latino-americana, problematizando os contornos assumidos pelo "socialismo do século XXI" e das diretrizes políticas estatais aplicadas por Chávez no interior da Venezuela, sua relação com o movimento operário organizado e as massas, retomando e dialogando com o conceito de bonapartismo sui generis de Leon Trotsky.